
Por: Lagoinha
Moisés e a entrega da Lei ao povoQuando Deus deu a Lei para o seu povo? O que isto significava?Deus se revelou aos patriarcas na antigüidade. A Abraão, a Isaque, a Jacó, a José… E os levou para morar no Egito e, assim, preservá-los como nação. Entretanto, com o passar dos anos, levantou-se um Faraó que não conhecera José e o grande livramento que Deus operara através dele no Egito, livrando-os da fome que durou sete anos. E este Faraó começou a oprimir o povo de Deus com dura servidão.
Está escrito na Bíblia que então Deus tirou o seu povo do Egito, com mão forte e braço estendido. Israel tinha um conhecimento muito rudimentar do Senhor. Podemos dizer que, como nação, eles estavam “engatinhando” na fé e na adoração ao seu Deus. Nesta ocasião, o Senhor veio e se revelou a Moisés e lhe proclamou o seu nome: “Eu Sou o que Sou.” (Ex 3). E o Senhor manifestou o seu poder. Apenas com sua vara de pastor, Moisés trouxe as dez pragas sobre o Egito, arruinando toda a nação e libertando Israel.
O Senhor havia dito a Moisés: “Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte.” (Ex 3.12). Aquele era o monte Horebe, nas colinas do Sinai, em cujo sopé o povo ficou acampado por dois anos. E no cume do Sinai, Moisés esteve na presença do Senhor durante quarenta dias, sem nada comer. Foi então que Deus lhe deu as “tábuas da Lei”, ou os dez mandamentos. De posse da Lei, o povo de Israel poderia servir ao seu Deus e buscar santidade para adorá-lo.
A Lei trazia as bases para uma vida santa e abençoada. Por meio dela o homem conheceria qual era a vontade de Deus e buscaria cumpri-la.
O povo de Deus conseguiu cumprir a Lei? Não. Apesar de Deus entregar normas simples para serem seguidas e obedecidas, a Lei veio mostrar ao homem a sua total incapacidade de obedecê-la. A Lei veio realçar a condição do pecador e apresentar-lhe o único caminho para sua redenção: o derramamento do sangue inocente para o perdão de suas faltas, ou do seu fracasso em cumprir a Lei.
O sangue de animais especiais (cordeiros, bodes, novilhos: machos, sem defeito) era vertido e recolhido numa bacia e derramado nas pontas do altar do holocausto. Era uma apresentação à justiça de Deus, em busca do perdão. Não houve um justo sequer, ninguém irrepreensível sobre a Terra, exceto Jesus, o Cordeiro de Deus. Até quando perdurou o domínio da Lei entre o povo de Deus?A Lei veio até Jesus. O apóstolo Paulo nos diz que a Lei fez o papel de aio para conduzir-nos a Cristo. “Aio” era o professor grego (pedagogo) que se encarregava do ensino e da tutela das crianças numa família de posses naquela época do NT. Enquanto menores, as crianças estavam sob a responsabilidade do “aio” e havia o medo de desagradá-lo. Quando o menino atingisse a maioridade, então deixaria o professor e prosseguiria, agora, num relacionamento com o pai, na condição de filho, entretanto com maturidade, assumindo o seu lugar na família.
Quando Jesus veio e morreu em nosso lugar na cruz do Calvário, Ele levou sobre si as nossas culpas e nos justificou perante a justiça de Deus. Ele nos concedeu uma nova vida e nos capacitou para vivermos em santidade em sua presença, dando-nos o seu Espírito Santo para habitar em nós. O que Jesus fez é graça. Maravilhosa graça.
A Lei, em si mesma, é boa, justa e santa, mas o homem não foi capaz de cumpri-la por seu esforço próprio. Somente o Espírito Santo pode nos capacitar para viver uma vida reta em santidade na presença de Deus.
A graça de CristoO que é a graça de Deus? Como ela age em nós?A definição mais conhecida para “graça” é: “favor imerecido”. Ela envolve o perdão, a salvação, a regeneração, o arrependimento e o amor de Deus.
Deus sabia que não seríamos capazes de viver em santidade sendo dominados por essa natureza pecaminosa herdada de Adão, após a sua queda no Éden. Ele providenciou, por causa de seu grande amor, de sua misericórdia infinita, para todos os homens, indistintamente, o “escape”, a salvação, o perdão de seus pecados, por meio do sangue inocente do Cordeiro de Deus, o seu próprio e imaculado Filho, Jesus.
A graça é bem ilustrada na história do professor que foi visitar o menino na favela e levar-lhe um presente. Antes de chegar à sua casa, ele recebeu uma pedrada na cabeça, que sangrou. Entretanto o professor continuou sua jornada e, diante da mãe, entregou o presente ao menino, que recusava recebê-lo. Com a insistência da mãe, o pequeno disse: “Eu não posso receber esse presente, pois eu não mereço. Eu joguei a pedra que atingiu o professor”. Então ele disse: “Eu sei que foi você. Mas, mesmo assim, eu te perdôo e quero dar-te esse presente, porque você é importante para mim. Eu o amo, apesar de tudo”. A graça age assim em nossas vidas.
Com a graça de Cristo reinando em nós, será que ainda precisamos da Lei?A Lei reflete a vontade de Deus para nós. Os seus princípios são eternos e verdadeiros. Jesus mesmo disse: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir." (Mt 5.17). E Jesus cumpriu toda a lei. Ele foi irrepreensível em todos os seus caminhos. Jesus foi varão aprovado por Deus e reconhecido pelos homens.
Assim como na Festa da Páscoa, o cordeiro era avaliado, deveria ser sem defeito algum, assim também Jesus foi avaliado antes do seu sacrifício por nós na cruz. Os mestres da lei o provaram antes que Ele se desse por nós. Pilatos atestou sua inocência antes de entregá-lo para ser crucificado. Jesus viveu como homem no poder do Espírito Santo e nos outorgou o direito de também sermos “filhos de Deus” e vivermos em vitória sobre o pecado.
Agora o crente está sob a “lei de Cristo”, que é mais abrangente que a TorahVeja o que Jesus disse sobre os mandamentos do VT e a vida obediente do cristão. Enquanto a lei proibia o adultério, constatado pelo ato físico, Jesus disse que a intenção do coração (apenas no olhar impuro) já havia cometido o pecado do adultério. “Olho por olho, dente por dente” e “não matarás” eram a justiça da lei, mas o Senhor Jesus afirmou que não deveria haver no coração do seu discípulo nenhuma mágoa, ou ressentimento, pelo contrário, deveria haver o perdão e o amor. O amor é a lei de Cristo. O amor vence todas as barreiras, lança fora o medo e traz ao coração a verdadeira paz.
Há diferença entre a lei do VT e a lei do cristão?No VT Deus estava trazendo um vislumbre da sua vontade para o homem. O sangue dos animais, que era vertido nos holocaustos, era apenas um símbolo do sangue imaculado e puro do Cordeiro de Deus. O VT se cumpriu em Cristo. Ele é a luz do mundo que tira o pecado e nos transporta para o seu Reino de justiça e santidade.
No VT, temos princípios imutáveis da vontade de Deus. Os judeus, entretanto, estavam apegados apenas à letra. Por exemplo, no “shemá”, quando o Senhor fala sobre colocar sua “palavra” entre os olhos, nas mãos e nos umbrais da casa, os judeus literalmente faziam e ainda fazem isto, com os “tefilins e mezuzás”. Isto é, escrevem o texto de Dt 6.4-9 (shemá) e colocam o texto em caixinhas de couro atadas em tiras e presas na testa e no punho (tefilins), e também nos umbrais das portas (mezuzá). Mas a “Palavra” deve estar por frontal entre os nossos olhos, isto é, deve nos nortear na caminhada. Em nossas mãos, isto é, deve orientar nossas ações. E nos umbrais das nossas portas, significando que a nossa casa e nossa descendência têm um dono e seguirão a Sua vontade soberana.
Como podemos resumir a Lei e viver na graça?Toda a lei se resume no amor. O amor ao Senhor em primeiro lugar e o amor ao próximo como a si mesmo. Jesus ainda deu aos seus discípulos um novo mandamento: "Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis." (Jo 13.34). Leve isto a sério.
Paulo escreve aos irmãos da Galácia (Carta aos Gálatas) e ensina sobre o perigo de voltar a viver sob o “legalismo” e deixar a alegria da “graça”. O crente vive sob a graça. Nós dependemos totalmente do Espírito Santo para viver a vida cristã em amor e na alegria da sua comunhão maravilhosa.
Desafio para a semana:Leia a Carta aos Gálatas e veja o que Paulo ensina sobre a Lei e a Graça. Conte com o Espírito Santo para viver em santidade, vivenciando a lei do amor.

