Autor: Pastor Samuel Yakov

Há
alguns anos atrás preguei em minha igreja esta mensagem e perguntei aos
membros quem eles eram, cristãos culturais ou cristãos verdadeiros?
Todos afirmaram serem cristãos verdadeiros, mas ao termino da mensagem perceberam que eram cristãos culturais.
Qual a diferença de um cristão bíblico para um cristão cultural?
Como sabemos se somos cristãos autênticos e se nos acostumamos a viver uma cultura?
Quando
eu era um novo convertido em uma pequena igreja do interior costumava
ouvir debates de irmãos mais velhos na fé sobre os acontecimentos dos
últimos dias. Muitos destes debates, devido ao pouco conhecimento
teológico daqueles irmãos, giravam em torno de verdadeiras “lendas
gospel” ao invés de interpretações teológicas concretas.
Uma
das teorias das quais me lembro e que hoje ainda me perturba a memória
era a que afirmava que nos últimos dias, as pessoas abririam a Bíblia e
as letras teriam sumido. Acredito que eles se baseavam em Amós 8:11 para
tal afirmação.
Eis que vêm os dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor (Amós 8:11).
Penso
que afirmavam isto por não entenderem como as pessoas poderiam ter sede
e fome da Palavra de Deus já que a tinham por completa na Bíblia. Como
não leriam e matariam sua fome e sede?A única explicação que encontravam
era deduzir que as Bíblias se apagariam.
É
claro que eu não cria em tal teoria, no entanto vejo uma grande
realidade contida nesta linha de raciocínio. Mas o fato é que as letras,
os versículos e capítulos da Bíblia não precisarão apagar-se, para que
nós os percamos basta deixarmos que esta secularização, este
sincretismo, modismos, e estas mutações doutrinarias continuem ocorrendo
na vida das igrejas e dos cristãos e o verdadeiro Evangelho se perderá
tornando-se apenas mais uma cultura ou religião morta.
O QUE É CRISTIANISMO CULTURAL?
O cristianismo cultural é um costume, uma forma de vida, uma opção religiosa ou mais precisamente uma ideologia.
O cristianismo cultural não está verdadeiramente preocupado com a causa de Deus e sim o quanto tirará de vantagem disso.
O cristianismo cultural não está disposto a morrer e sim desfrutar, deleitar-se e nunca fará nada que incorrerá em sacrifício
Cristianismo cultural significa buscar o Deus que queremos em vez do Deus que Ele é.É a tendência à superficialidade em nossa compreensão de Deus, desejando que ele seja mais do tipo vovô bonzinho que nos mima e nos deixa fazer o que queremos.
É sentir uma necessidade de Deus, mas dentro das condições por nós estabelecidas.
É desejar o Deus que sublinhamos em nossas Bíblias sem querer também o restante dele.
É o Deus relativo em vez do Deus absoluto.
Cristianismo cultural é cristianismo tornado impotente.
É
cristianismo com pouco ou nenhum impacto sobre os valores e crenças de
nossa sociedade. Quando o conceito de vida secular é incorporado ao
conceito de vida cristão, nenhum dos dois sobrevive
O cristianismo cultural requer que Deus nos conceda paz pessoal e riqueza para provar que ele nos ama.
É
o Deus amor, mas não o Deus santo. Na realidade, Deus nos ama tanto que
limpará o cristianismo cultural de nossas vidas, assim como o ourives
purifica a prata queimando a impureza.
Como
os brinquedos mutáveis com que as crianças brincam, freqüentemente
queremos que Deus seja ajustável — que se adapte aos nossos caprichos em
vez de nós nos adaptarmos a Ele.
POR QUE NOS TORNAMOS CRISTÃOS CULTURAIS?
Um
dos principais fatores responsáveis por mais da metade da Igreja
Evangélica mundial ter se tornado uma cultura e não uma fé genuinamente
bíblica são as teologias que apresentam um evangelho imediatista. Ou
seja, um evangelho que vem de encontro aos nossos problemas e aflições,
que tem a única função de sarar, curar, e satisfazer nossas necessidades
imediatas.
Não
nos enganemos a Igreja de hoje é produto da atmosfera que estamos
gerando em nossos púlpitos em nossas reuniões e na mídia mercantilista
de algumas denominações.
Por que os cristãos não oram mais?
Não
oram porque não precisam, pois quando tem um problema participam de uma
campanha mística em prol de causas impossíveis ou coisas do tipo!
Ofertam grandes somas, fazem um voto ou recorrem a amuletos e rituais.
Se isso já resolve o problema então para que manter comunhão com Deus?
Estas
praticas produzem crentes sem intimidade, sem vida espiritual. Pessoas
que aprenderam uma religião e não uma fé, ou mais precisamente foram
inseridas dentro de uma cultura.
Pra que orar se não tenho problemas aparentes?
Pra que jejuar se tudo vai bem em meu trabalho, ou empresa, se minha vida familiar, sentimental esta caminhando?
Lembro-me
de um tempo em que orávamos porque queríamos dons espirituais,
desejávamos que outras pessoas fossem salvas e sentissem a alegria que
sentíamos.
Lembro-me
de um tempo em que nossa fé não girava em torno de CARROS, CASA
PRÓPRIA, EMPREGO, SALÁRIOS, VIDA SENTIMENTAL e coisas do gênero. Mas
almejávamos os altos objetivos celestiais, o desvendar dos mistérios de
Deus, o conhecer do seu Espírito. Almejávamos experiências com o Pai!
Tínhamos em mente que passaríamos por aflições, mas nos alegrávamos
porque JESUS já havia vencido o mundo.
Estas
coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais
por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.( João 16:33 )
Hoje
ser cristão é ter e comer o melhor desta terra é usufruir do prazer
desta vida. Não vejo isto nos Evangelhos e nem mesmo na Bíblia inteira.
Vejo um chamado ao compromisso e a obediência a este chamado às vezes
inclui não possuir nada, deixar sua família, amigos, bens, oferecer-se
em sacrifício principalmente negar a si mesmo.
Bem
conheço as benções do Evangelho, mas são conseqüência de uma vivencia
com Deus já que onde Ele está presente as trevas sempre batem em
retirada.
Não
quero este Evangelho cultural, pois tal doutrina apenas me apresenta
aquilo que SATANÁS me oferece todos os dias para que eu desista de
JESUS, riqueza, poder, felicidade, dinheiro e alivio do sofrimento.
Se
o Evangelho é apenas isto que esta cultura gospel esta apresentando na
mídia então que tem dinheiro, casas, carros e família não precisa dele,
pois já tem tudo que ele poderia oferecer.
SOU UM CRISTÃO BIBLICO OU UM CRISTÃO CULTURAL?
Como saber se estou seguindo uma cultura ou se o verdadeiro Evangelho entrou em minha vida e em meu coração?
Destaco a seguir alguns pontos que nos mostrarão a diferença entre estes dois tipos de cristão.
Cristão Bíblico diferente do mundo:
O
Cristão bíblico possui valores diferentes do mundo, preocupa-se com as
coisas e causas de Deus. Suas conversas envolvem temas na maioria das
vezes espirituais. Possui um conjunto de valores que fogem da futilidade
das coisas terrenas.
Cristão cultural se encaixa ao mundo:
Diferente
do cristão Bíblico o cristão cultural consegue manter os mesmos valores
que qualquer pessoa não cristã. Consegue se vestir da mesma forma,
ouvir as mesmas musicas, falar dos mesmos assuntos e se preocupar com os
mesmos problemas. Este tipo de cristão não fará falta nenhuma no reino
de Cristo e também não exerce nenhuma influencia espiritual na vida de
outras pessoas.
Cristãos bíblicos costumam gastar horas do seu dia em oração jejum e leitura da Bíblia:
Cristãos
bíblicos costumam cultivar um verdadeiro relacionamento com Deus
através de oração, jejum, leitura, estudo das Escrituras, pregação da
Palavra. São os que costumamos chamar de servos e não somente crentes.
Tais
pessoas estão preocupadas com os sonhos de Deus, as visões de Deus e
para tais coisas costumam sacrificar seu tempo. Preocupam-se com
santificação pessoal e uma vida interior voltada ao Evangelho santo, não
fazem alianças com o diabo permitindo que pequenos pecados as
corrompam, cultivam e valorizam um ministério, uma chamada. Também
costumam estar bastante envolvidas com a batalha espiritual destes
últimos dias.
Cristãos culturais apenas enfeitam as igrejas:
Cristãos
culturais em sua maioria tem consciência de que devem orar, jejuar, ler
a Bíblia e dar espaço a compromissos com Deus, porem nunca fazem isto!
Vivem presos a uma rotina mundana e materialista. Afirmam constantemente
que gostariam de ter mais tempo para oração, gostariam de ler a Bíblia,
mas estão sempre ocupados ou as responsabilidades os estão exaurindo.
Trabalho faculdade, empresa, escola e compromissos sociais ocupam sempre
o primeiro lugar na vida de um cristão cultural, nunca darão este lugar
a Deus.
O Evangelho, Jesus e a sua palavra serão sempre um acessório na roupa espiritual de um cristão cultural.
QUANDO DECIDI NÃO SER MAIS UM CRISTÃO CULTURAL
Todos
nós temos tendências a nos tornarmos cristãos culturais. As rotinas da
vida e até mesmo rotinas das igrejas e grupos evangélicos muitas vezes
podem nos distanciar de Deus a ponto de nos sentirmos seguros dentro do
meio em que vivemos.
Um
cristão radical me disse uma vez que um crente precisa estar
constantemente enfrentando lutas e provas, pois do contrario cai no
comodismo e é dominado por Satanás.
Embora
não concorde com esta visão, vejo, no entanto certa realidade nisto,
pois quando estamos passando por lutas nos voltamos para Deus, nos
colocamos constantemente na dependência dele, ficamos mais alerta e
cuidamos melhor da nossa fé.
Quando
estamos passando por momentos de paz costumamos relaxar e dar mais
vazão a nós mesmo e aos desejos da nossa carne esquecendo que temos um
inimigo que nos persegue dia e noite
Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;( 1 Pe 5:8)
Há
algum tempo decidi deixar de ser um cristão cultural, pois percebi que
estava fazendo tudo no piloto automático. Pregava porque sabia, dirigia
cultos e reuniões porque era o meu trabalho e obrigação, aconselhava
pessoas, queria ser um bom pastor, elaborava projetos, pois esperava
resultados tanto em crescimento para minha congregação como para
massagear meu próprio ego. Pude ver que mesmo minhas orações eram
totalmente em cima de minhas necessidades e não para obter comunhão.
Conseqüentemente entendi que não queria a parceria de Deus no meu
ministério e vida e sim buscava resultados e de preferência resultados
que me agradassem.
Após um despertar de Deus em minha vida entendi que não posso simplesmente traçar planos e
esperar que Deus se encaixe neles. Ao contrario! Devo me encaixar nos
planos de Deus mesmo que isto signifique negar a mim mesmo.
Todos
os tipos de crentes podem ser levados ao cristianismo cultural. Alguns
lideres podem vir a cair no comodismo das instituições e se acostumar
com uma vivencia programada que poderá até gerar certa satisfação e
falso senso de justiça, no entanto sabemos que o Evangelho é poder,
milagres, conversão transformação de vidas, libertação e uma grande
porção de obras sobrenaturais, resultados bem diferentes dos que obtemos
quando estamos mergulhados em uma cultura.
O que devo fazer então?
Bom! Será bem difícil!
Se
você percebeu que é um cristão cultural e não um cristão bíblico,
dependendo do tempo em que leva sua fé de qualquer maneira, pode ter
adquirido alguns vícios de comportamento.
Isto
é muito serio, pois os vícios substituem uma verdadeira conduta cristã
por falsos sacrifícios que na realidade fazemos por prazer e não por
desejo de servir a Deus.
Existem
pessoas que dirigem o louvor da igreja e por tal atitude acham que
estão servido a Deus, fazendo sua parte. Mas ao mesmo tempo não refreiam
sua língua, cultivam sentimentos lascivos, assistem pornografia,
cobiçam pessoas e coisas que não são para si.
Nestes
casos o cargo no coral da igreja, o ministério de pregação e
evangelismo ou qualquer posição que estas pessoas ocupam servem como
meio de justificação. Tolo engano de Satanás!
São
vícios que nos matam espiritualmente e nos transformam em cristãos
totalmente culturais, nos fazendo viver um teatro gospel ao invés de uma
vida intima e verdadeiramente funcional com Deus.
Se
eu fosse resumir os pontos principais para que alguém se torne um
verdadeiro cristão digno de reconhecimento e respaldo bíblico
mencionaria uma receita muito antiga. Na verdade muitos desanimam quando
ouvem tais conselhos e sugestões.
Trata-se de oração, jejum, leitura e estudo das Escrituras, vigilância espiritual, pregação e amor ao próximo.
Guarde
estes preceitos e ensinamentos contidos neste estudo, priorize estas
coisas ao invés de priorizar louvor, reuniões ou outros costumes e
culturas gospel. Volte-se para atitudes que realmente mudem seu interior
e relacionamento com Deus e não supervalorize atitudes que apenas
constroem em você uma fé teatral.
Para corrigir meus erros eu tomei as seguintes decisões:
Orar todos os dias cerca de uma ou duas horas – Isto eu propositei como
prioridade e nenhum outro compromisso por mais importante que seja
tomará o lugar deste propósito pois decidi colocar Deus em primeiro
lugar em minha vida.
Às
vezes estou cansado, ou queria ir visitar alguns amigos ou mesmo
atrasei trabalhos e me sinto tentado a consumir estas horas comigo
mesmo, no entanto não me permito quebrar este compromisso e mesmo
lutando cumpro o prometido. Menciono isto, pois não será fácil para você
caro leitor cumprir com esta dura decisão já que aparecerão inúmeros
motivos aparentemente justos para que você desista.
Jejuar ao menos uma vez por semana o dia inteiro – O jejum ainda é uma ferramenta poderosa para um cristão, tenho experimentado maravilhosos resultados quando jejuo.
Sinto-me
tentado até teologicamente a não jejuar, constantes são os comentários
de irmãos e até lideres que afirmam que o jejum não é necessário, que é
coisa de crente fanático, porem não encontrei nenhuma justificativa
bíblica para isto. Existem demônios que só saem com jejum e oração.
Certamente
quem decidir jejuar e também orar sofrerá fortes investidas do inimigo e
tentações para que desista. Nossa carne usa argumentos poderosos para
que não entremos em uma batalha espiritual mais intensa, Mas não se
preocupe o jejum é bíblico e nosso corpo está perfeitamente preparado
para suportá-lo. Com toda certeza jejum não mata! Existem crentes que
não jejuam, mas se acabam em regimes para perder peso e muitas vezes por
pura vaidade. Um jejum equilibrado e com intervalos de alguns dias
melhorará nossa vida espiritual e não terá impactos físicos alem de nos
dar poder espiritual.
Ler as Escrituras e bons livros evangélicos – Um hábito esquecido por quase todos os cristãos do nosso tempo.
Devemos
ter em mente que a leitura da bíblia e de bons livros evangélicos e até
não evangélicos, nos proporciona inspiração, conhecimento e capacidade
para pregar. Ainda vale lembrar que as Escrituras testificam de Jesus,
Elas nos revelam o coração de Deus e também alimentam nossa fé.
CONCLUSÃO
Existem
muitas atitudes as quais poderíamos tomar para não cairmos no erro de
viver um cristianismo cultural e bem sabemos que todas elas se resumem
em praticar o Evangelho que recebemos vivermos realmente a Palavra que
pregamos.
Não
se conforme em viver um teatro gospel, lembre-se que o que diferencia
as ovelhas dos bodes não são exatamente os pecados ou a fé, mas sim o
que uns fizeram e outros não fizeram.
Estamos
vivendo nossa historia com Deus. Lutemos para que possamos vive-la de
maneira que experimentemos grandes coisas dentro de um cristianismo
bíblico que imita a Jesus!

